Me lembrou Barcelona x Santos (2011 e 2012), Espanha x Taiti (2012), enfim.. o 7 x 1 foi a pior derrota da seleção brasileira em toda sua história vitoriosa. Porém, sabemos que esta era em que vivemos atualmente é da Alemanha, com jogadores muitíssimos entrosados do Bayern. É a nova Espanha. Conta com Guardiola em seu país e tem o time do momento, além do conjunto espetacular.
O Brasil teve seus anos de glórias entre 1958 e 1970 / 1994 e 2002. Os craques de antigamente nem preciso citar, mas do tetra pra cá, passaram pela seleção jogadores como Romário, Ronaldo, Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho, enfim.. hoje a realidade não é essa. Só temos Neymar como craque absoluto, mas ainda um garoto de 22 anos. E que se machucou..
Entre 2008 e 2013 foi a Espanha que dominou. Uma Eurocopa, uma Copa do Mundo e uma final de Confederações. Times como Barcelona e Real Madrid encantando o mundo. Já o Brasil acabou se iludindo com o título sobre os espanhóis no ano passado, em uma competição que, aparentemente, poucos levaram a sério, sendo que seleções como Japão, Nigéria e Taiti tiveram participações. Alemanha, Argentina e Holanda (os três melhores do mundial 2014), por exemplo, ficaram de fora.
Segue a tabela final da Copa do Mundo:
Várias discussões vão surgir sobre o fiasco brasileiro. A verdade é que a soma de uma série de coisas fizeram com que o desempenho fosse tão baixo.
Gosto muito do Felipão, sou suspeito para falar dele pois acho um técnico extremamente vitorioso e que merece respeito. Porém, ficou claro que ele errou na escalação decisiva contra a Alemanha. Claro que a tarefa não era das mais confortáveis, pois nosso técnico teria que arrumar substitutos para Thiago Silva e Neymar - o capitão e o melhor do time. Qualquer jogador que entrasse não iria substituir o titular a altura. Mas era exatamente por conta disso que Felipão deveria tentar fechar um pouco o time, além claro dele saber que estava jogando contra a Alemanha, melhor seleção do mundo. Escolheu Dante e Bernard. Na minha opinião, ambas escolhas erradas.
"Ah, mas o Dante conhece os alemães". Não seria os alemães que conhecem o Dante? Sabem que ele é um zagueiro de muito porte físico, mas durão. O toque envolvente iria ser fatal. Henrique é mais rápido, raçudo, poderia se sair melhor. Na frente, pior ainda: Bernard seria a minha última escolha. Povoar o meio campo e atrapalhar o melhor setor do adversário era prioridade, até porque era claro nas últimas partidas o buraco que havia por ali. Paulinho, Hernanes ou Ramires seriam as opções mais sensatas.
Sim, Felipão.. o placar foi esse mesmo. Não somente por sua culpa, fica tranquilo. Renovar é preciso, mas você continua sendo um ídolo! |
Outro ponto chave: a constante presença da mídia em cima dos jogadores da seleção. Antigamente não era assim. Hoje, cada integrante participa pelo menos de uma propaganda em televisão/youtube, enfim.. isso sem falar em Felipão e Neymar, os recordistas. É cada vez mais dinheiro envolvido e menos concentração. Falei várias vezes, e muita gente discordou, sobre o choro forçado do David Luiz no final da partida contra a Alemanha. Gosto muito dele, deve ser um pessoa espetacular realmente, mas é muito teatro, muito drama. Isso ilude facilmente vários torcedores que, em vez de criticá-lo pela fraca atuação contra os alemãs, irão parabenizá-lo (?).
Depois do jogo, Felipão admitiu a culpa. Algumas frases do técnico:
Se até pelo seu próprio companheiro de equipe, Neymar, as mobilizações dos jogadores foi parte de uma ação publicitária, imagina a alegria que David e sua turma estavam dispostas a dar para o povo, não é mesmo? Segundo o UOL, e outras fontes, "Marcelo, Willian, David Luiz e o próprio Neymar foram pagos pela Sadía para postar no Facebook hashtags #jogapraele e #jogapramim"
Ninguém é obrigado a concordar, mas achei David Luiz muito forçado na entrevista final. Se transformou quando viu uma câmera e um microfone - e olha que gosto muito dele |
Claro que isso não apaga a aula que os alemães nos deram, ultrapassando os limites táticos, técnicos e psicológicos. Da postura em campo à repercussão no dia seguinte ao jogo histórico, os alemães ensinaram o que é fair play no futebol. Ganhando de 5 a 0 em 30 minutos, a Alemanha não fez uma firula até o final da partida mesmo diante de um time esfacelado, tonto e perdido em campo. Continuou trocando passes objetivos e os dribles sempre foram para a frente. Manteve o domínio do jogo em busca de mais gols, não em humilhar o adversário.
O placar de 7 a 1 é consequência desta proposta. A cada gol, a comemoração era controlada. Ao final da partida os jogadores tiraram selfies no Mineirão, mas evitaram uma festa efusiva. Foram aplaudidos pela torcida brasileira.
Neuer, Schweinsteiger e Podolski principalmente. O trio merece um respeito MUITO grande por parte do Brasil. Vestiram a camisa e cantaram o hino do Bahia na passagem por Salvador, passaram por Rio Grande do Sul, onde Schweinsteiger conversou e trocou camisa com Zé Roberto, seu ex-companheiro de Bayern; Podolski registrou seu momento no Olímpico, onde seu ídolo Ronaldinho começou, além das belas palavras que sempre escrevia em português no Instagram, elogiando o povo brasileiro. Foi a seleção mais gente boa da Copa, sempre parando para atender os torcedores, tirando as famosas selfies.
Schweinsteiger foi consolar TODOS seus adversários após as eliminações/derrotas, como Dante, Cristiano Ronaldo, Benzema e David Luiz |
Brasil 1 x 7 Alemanha:
Felipão começou com Bernard, surpreendendo a todos. A Alemanha, com seu conjunto bastante forte, entrou em campo mais confiante. brasileiros estavam em uma espécie de "luto" por perderem Neymar: caras fechadas e muito respeito ao adversário dentro de campo.
O que se viu em campo foi uma disputa desigual. meia hora de jogo já estava 5 x 0. Destaque para Klose, que chegou ao gol de número 16 em copas do mundo, superando Ronaldo, que estava no estádio comentando o jogo pela Globo. Narradores, torcedores, todos olhavam um para o outro sem entender nada. Dante e Fernandinho completamente perdidos em campo. Kroos, duas vezes, Muller e Khedira completaram os primeiros cinco gols, todos em jogada rápida, roubada de bola no meio e toques envolventes, até alguém achar o companheiro melhor posicionado para marcar.
No 2° tempo, Felipão colocou Paulinho e Ramires nos lugares de Fernandinho e Hulk: era tarde, muito tarde. Na verdade nem se tivesse começado assim iriamos ganhar. Nem com Neymar e Thiago Silva. A Alemanha também mudou: entrou Schurrle: o camisa 0 finalizou duas vezes na segunda etapa e fez dois gols. Oscar ainda diminuiu o vexame no final, marcando um golzinho. Porém, a Alemanha claramente tirou o pé. Poderia ter marcado muito mais - Ozil, por exemplo, saiu na cara do de Julio César e perdeu. Lá atrás, um super goleiro: Neuer pegava tudo quando era exigido - duas defesas incríveis em chutes seguidos de Paulinho. Pintou a seleção favorita, e também apareceu a maior derrota da história da seleção brasileira. Vergonha.
No 1° tempo, Muller - que chegou a 5 no mundial, Kross e Khedira acabaram com o jogo; no 2°, Schurrle deu dois chutes e fez mais dois |
Depois do jogo, Felipão admitiu a culpa. Algumas frases do técnico:
"O responsável pela 'catástrofe' sou eu. Eu escolho, escalo, mexo na parte tática".
"Foram 4 gols em 5 minutos, deu um branco total. Não dava pra mudar, não tinha o que fazer naquela hora. Esperei o intervalo".
"Treinei com Paulinho e comecei com o Bernard pra não dar pistas. Ví vídeos da Alemanha e pensei num jogador de velocidade (Bernard)".
"Certamente esse é o pior dia da minha vida, mas sabia do risco quando assumi a Seleção. Mas vou assimilar, a vida tem que seguir".
- Um dado espantoso:
Na semifinal, Neuer, GOLEIRO da Alemanha, completou exatamente o triplo de passes que Fred. Foram 41 do alemão contra 14 do brasileiro. Por fim, quando se mede a velocidade alcançada pelos jogadores em um pique, Neuer também superou Fred. A corrida mais rápida do alemão chegou a 26 km/h, enquanto a do brasileiro foi de 25 km/h.
Klose marcou 5 gols em 2002; 5 gols em 2006; 4 gols em 2010 e tem 2 no atual mundial: 16 no total, superando Ronaldo (15): mito! |
Argentina 0 (4) x (2) 0 Holanda:
Quem foi ao estádio ver Messi e Robben, acabou vendo Mascherano e Vlaar. Destaques escondidos das duas seleções no mundial, os defensores apareceram - e muito - na semifinal. Anularam qualquer possibilidade de gol dos craques. Para se ter uma ideia, Messi não tocou na bola dentro da área (!). O camisa 10 realizou 12 jogos de Copa do Mundo até aqui e isso é a primeira vez que isso acontece.
Outro jogador que merece destaque: o holandês Kuyt, que esteve em todas as partes do campo. Di Maria foi o desfalque argentino, sendo substituído por Enzo Peréz.
Outro jogador que merece destaque: o holandês Kuyt, que esteve em todas as partes do campo. Di Maria foi o desfalque argentino, sendo substituído por Enzo Peréz.
A verdade é que as duas equipes foram muito bem na parte defensiva. Chances de gol mesmo, só no 2 tempo. Higuain quase marcou de carrinho, Robben deu um toque a mais e permitiu Mascherano chegar e salvar um gol certo. Na prorrogação, Palácio perdeu o gol do jogo: cara a cara com Cillessen, ele tentou dar de cabeça, mas praticamente recuou a bola.
Pelo lado holandês, um problema, ou melhor, três: Bruno Indi teve que sair lesionado no 1° tempo, De Jong - que muitos diziam fora da Copa - atuou lesionado e não suportou o jogo todo, e Van Persie - com indisposição estomacal desde o dia anterior - saiu na prorrogação. Ou seja, três alterações feitas e nada de Van Gaal poder colocar Krul, o heroi das quartas.
Nos pênaltis, Vlaar e Sneidjer perderam para a Holanda - grandes defesas de Romero - e Maxi Rodriguez marcou o último gol argentino. Outro camisa 1 que vira personagem na "Copa dos goleiros". Cillessen, que nunca pegou um pênalti na carreira, sai do mundial sem ter brilhado. Um detalhe interessante é que Van Gaal foi treinador do carrasco Romero em 2009, no AZ Alkmaar, da Holanda.
Pra variar, o personagem do jogo foi um goleiro: Romero pegou dois pênaltis e levou o prêmio de "Man Of The Match" |
A Argentina pode não ser o melhor time, mas tem vontade, corre, se entrega e se mata. Fazendo isso, ou ganha ou perde com dignidade. Antes ponto fraco, a defesa agora é um dos pontos fortes, com muita garra e vontade por parte de Mascherano e cia.
"Não quero ser grosseiro, mas rasguei o ânus na jogada com Robben. Por isso a dor. Este grupo de jogadores levou a Argentina aonde ela deve estar. Tomara que possamos nos consagrar no domingo.", disse Mascherano, após o jogo. Será que não faltou isso para o Brasil, não?
A vitória argentina foi no dia da Independência deles - 9 de julho (o nosso 7 de setembro). A festa nas ruas de Buenos Aires era enorme.
- Alguns números e curiosidades:
Dois papas vivos torcerão por seus países na final desta Copa. A maior de todos os tempos. E não apesar da eliminação do Brasil, mas também por isso. Vamos apreciar.
A Holanda fez bonito, podendo ainda ser terceiro colocado - grandes chances, convenhamos. Van Gaal, que agora vai comandar o Manchester United, colocou 22 dos 23 jogadores para atuar. Apenas o goleiro Vorn não jogou. Polêmico, o holandês agora vai enfrentar seu desafeto Luiz Felipe Scolari na disputa pelo terceiro lugar. Ele, aliás, detonou essa disputa:
"Acho que esse jogo nem deveria ser jogado. É injusto porque temos um dia a menos de nos recuperar. Mas o pior é, acredito, a chance de perdermos duas vezes seguidas. E um torneio que você jogou maravilhosamente e pode sair como um perdedor"
O destaque negativo é Van Persie, que nunca marcou gol em jogos de mata-mata com a camisa da Holanda.
Argentina volta a uma final de Copa do Mundo depois de 24 anos; em destaque, o lance do jogo, mostrando a garra argentina: Mascherano tirando o gol de Robben |
- Alguns números e curiosidades:
Nunca havia tido um 0 x 0 em uma semifinal de Copa do Mundo: Argentina x Holanda foi o primeiro.
Argentina x Alemanha, domingo, passará a ser a final de mundial mais repetida em toda a história - 3 vezes (1986, 1990 e agora, 2014). Cada um venceu uma: primeiro os argentinos e depois os alemãs. Em 2014, o tira teima:
A seguir, números dos craques da finalíssima, Muller e Messi - ambos tentam alcançar James Rodriguez na artilharia da Copa. O colombiano tem 6 gols.
Alguém sai da fila domingo: 18 anos sem título da Alemanha contra 21 da Argentina (24 e 28 se considerarmos só Mundiais).
Pela 19ª vez em 20, há representantes dos "Big Four" (Brasil, Itália, Alemanha, Argentina) numa final de Copa, Espanha x Holanda, em 2010 foi a exceção.
Maxi Rodriguez bateu o último pênalti e foi abraçar o heroi Romero, que colocou nossos hermanos na final. Contra a Alemanha, raça não vai faltar... |
A Alemanha ultrapassou o Brasil em número de gols marcados em todas as Copas (123 a 121). Detalhe que começaram a partida de terça com 4 gols a menos.
A Copa de 2014 pode se tornar a que o Brasil mais sofreu gols: com 11, estamos empatados com a seleção de 1938, mas falta o jogo contra a Holanda..
Faltam 4 gols para a Copa do Mundo de 2014 igualar o recorde de 1998 (171). Temos 167 gols até aqui, faltando dois jogos.
É a primeira vez que uma seleção leva 7 gols em uma semifinal de Copa.
Os 5 gols da Alemanha nos primeiros 29 minutos de jogo foi o tempo mais curto da história em que saiu a maior quantidade de gols.
Pela primeira vez o Brasil levou 7 gols jogando em casa, sendo o segundo anfitrião a levar essa quantidade de gols (Suíça 5 x 7 Áustria, em 1954).
O placar no Mineirão que não vai sair da cabeça dos brasileiros por um bom tempo... |
Dois papas vivos torcerão por seus países na final desta Copa. A maior de todos os tempos. E não apesar da eliminação do Brasil, mas também por isso. Vamos apreciar.
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