O palco foi o Mineirão, e não o Independência, como queria Alexandre Kalil e os atleticanos. Não havia problema! Parecia que a história já estava montada. E que história! Assim como o Corinthians na Libertadores passada, o Galo foi apresentando motivos durante a competição que o credenciava cada vez mais ao título.
O 2 a 0 que virou 2 a 2 em Tijuana. O pênalti que Victor pegou com o pé. O gol de Guilherme a seis minutos do fim contra o Newell’s. Os três pênaltis perdidos em sequência pelos argentinos.
Por tudo isso, a derrota por 2 x 0 no Paraguai para o Olímpia não desanimou os atleticanos, pelo contrário! O "eu acredito" subia cada vez mais na boca do povo, nos Trending Topics do Twitter e nas faixas de campeão.
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A missão era: marcar um gol no primeiro tempo. E rápido. Não deu. Algumas chances, tentativas de pivô de Jô, 18 bolas levantadas na área, boas defesas de Victor e nada de gol do time mineiro. O Olímpia se segurava, apostava nos contra ataques.
No segundo tempo, a bola aérea acabou decidindo. De tanto que insistia, Jô acabou premiado. O artilheiro da competição, agora com sete gols, e para mim, o melhor jogador da final, marcou pegando de primeira uma bola cruzada da esquerda. Era esse o caminho.
Até que veio mais uma daquela chamada "sorte de campeão". Ferreyra, um dos mais perigosos do Olímpia, recebeu lançamento, dividiu com o "líbero" Victor e acabou ficando sem goleiro à frente. Mas escorregou e não conseguiu chutar. Pronto. Ali o Atlético era campeão. Até alguns cruzeirenses devem ter sentido isso.
O gol era questão de tempo e a prorrogação e pênaltis apenas detalhes.
Eis que Leonardo Silva foi o escolhido para ser o novo Guilherme. Em cruzamento de Ronaldinho (apagado nas duas finais), o camisa 3 tentou cavar um pênalti. Enquanto a bola chegava do outro lado, até Bernard, o zagueiro se levantou e se posicionou bem para aproveitar levantamento do baixinho bom de bola.
A assistência e o gol, de Bernard e Leonardo Silva, respectivamente, mostram os outros dois personagens do jogo, além de Jô. O camisa 11 foi um guerreiro, saiu de campo morto. Detalhe: Bernard quase sempre é substituído na etapa final nos jogos do Atlético-MG, até pelo seu porte físico. Na final, jogou os 120 minutos. Já o zagueiro foi um monstro atrás e na frente.
Manzur ainda foi expulso após fazer falta em Alecsandro. Fato que poderia ajudar muito o Galo na prorrogação, jogando meia hora com um a mais.
Uma das belas imagens da final: Leonardo Silva sobe e cabeceia muito bem, tirando do seu xará Silva, que pegou muito na final |
Parecia que o Atlético-MG já havia cumprido sua missão. Jogou a prorrogação de forma tranquila, tentando matar o jogo, mas parando nas belas defesas de Silva. Não tinha jeito: para o roteiro ficar completo - e ainda mais bonito - tinha que ser nos pênaltis.
De tão confiante, os atleticanos estavam lúcidos, prestes a fazer história. O Mineirão era deles. Alecsandro, Guilherme, Jô e Leonardo Silva: batidas perfeitas. Victor, pra variar, pegou um - se adiantou, é verdade - mas viu Gimenez bater na trave. Ronaldinho não apareceu nem nas cobranças de pênaltis. Nem precisou. O Galo se tornava campeão da Taça Libertadores pela primeira vez em sua história!
Alguns relatos que vão ficar na história:
"Atlético é azarado, eu sou azarado...não tem mais azar, não tem mais porra nenhuma", CUCA.
"Ela (a taça da Libertadores) é mais gostosa do que mulher", ALEXANDRE KALIL.
"Diziam que eu estava acabado. Falem agora", RONALDINHO.
Ronaldinho, aliás, mesmo sumido, tem que ser respeitado. Jogou muito a Libertadores toda e comandou o Atlético em vários jogos difíceis, ajudando o time mineiro a ser o melhor da primeira fase. Com título de hoje, o Gaúcho é o único jogador da história a levar Copa do Mundo, Libertadores, Liga dos Campeões e a Bola de Ouro.
Gimenez lamenta a cobrança na trave e Victor - o herói da Libertadores - corre para comemorar o tão sonhado título |
O detalhe do Atlético-MG campeão é o plantel do time montado por Kalil. O elenco é muito bom, um dos melhores do Brasil. Cada um dos jogadores ficará marcado por uma característica.
Foi a Libertadores do Santo Victor, do zagueiro-artilheiro Leonardo Silva, do capitão Réver, dos incansáveis Marcos Rocha e Júnior César, do guerreiro Pierre, do motorzinho Josué, do cara que tem "alegria nas pernas" Bernard, do craque Diego Tardelli, do gênio Ronaldinho, do artilheiro Jô, dos irmãos Richarlyson e Alecsandro, do iluminado Guilherme, do polivalente Rosinei, do merecedor Leandro Donizeti, do multi-campeão Gilberto Silva, do maluquinho Luan e do SORTUDO Cuca.
Parabéns, a cada um de vocês. Tenho certeza que cada brasileiro foi um pouco alvinegro hoje!